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O que Alice no País das Maravilhas nos conta sobre autoconhecimento, insegurança e a busca do “nosso lugar”.

Pequena demais. Grande demais. Pequena demais. Grande demais.

Alice no País das Maravilhas sabe bem o que é viver essa dança de extremos. O que, para ela, são mudanças mágicas de tamanho, para nós é aquela velha conhecida: a insegurança. Esse desconforto de não caber no próprio espaço faz parte de nossa jornada de autoconhecimento. Tem dias em que me sinto gigante, capaz de qualquer coisa, pronta para conquistar o mundo. Em outros, me vejo minúscula, deslocada e perdida, como se estivesse encolhida, tentando caber em algo que já não é mais do meu tamanho.

Nessa busca por quem realmente somos, passamos por altos e baixos, ora avançando, ora retrocedendo. Estar em harmonia com o próprio tamanho exige uma paciência rara e uma coragem que, francamente, nem sempre está à mão. Mas esse processo é parte fundamental do autoconhecimento, pois é nele que começamos a perceber o que realmente sentimos e desejamos.

Oscilar: O eterno sentimento de (des)pertencimento

Quem nunca viveu esse conflito? Num dia, olhamos no espelho e enxergamos uma gigante — mas cheia de dúvidas (“será que sou tudo isso mesmo?”, “só posso estar enganando todo o mundo”). No outro, um ponto minúsculo, sem saber ao certo o que estamos fazendo (“errei de novo”, “não sei fazer nada certo”). Alice sabe disso muito bem: ora se sente grande demais, ora pequena demais. Um jogo de insegurança que nos desequilibra. Tentamos pertencer, buscamos segurança, um espaço que nos faça sentir exatamente onde deveríamos estar.

Mas será que existe este lugar ou tamanho “ideal”? A ideia de uma versão perfeita de nós mesmas, é um modelo que aprisiona e que, como aponta Jung, impede nosso desenvolvimento. Todo ideal é violento! Nessa busca pelo momento ideal, pelo corpo ideal, pelo trabalho ideal, acabamos nos afastando da liberdade de simplesmente sermos.

Alice nos mostra que a vida é esse eterno desconforto, que nos empurra para a próxima etapa da jornada. Enquanto uma parte de nós sempre vai querer se encaixar, outra busca algo que faça sentido para o presente. Esse desconforto é um sinal de que algo mais profundo está tentando emergir. Tentamos caber nos moldes, mas no fundo sabemos que está tudo fora de lugar. Esse conflito é natural no caminho do autoconhecimento e representa um passo importante para compreender nosso verdadeiro senso de pertencimento.

O caos entre ser e pertencer

Quando Jung fala de individuação — viver uma vida autêntica — ele descreve um processo de “despertar” para quem realmente somos. Uma parte de nós quer segurança e limites, outra quer desbravar o desconhecido. Então, quando Alice sente o desconforto de crescer e encolher, vive o dilema que todas nós temos: a busca por um alinhamento entre o que mostramos ao mundo e o que realmente somos. E é nessa convivência com o desconforto e a insegurança que podemos nos perceber melhor.

Alice se perde em seu próprio tamanho. Quantas vezes nós nos perdemos naquilo que “deveríamos” ser? É aí que mora o verdadeiro crescimento: uma dança entre a imagem que criamos para nós mesmas (o ego) e aquilo que realmente pulsa lá no fundo (o Self, nosso EU verdadeiro). E, spoiler: não é um caminho confortável. Mas é o único que nos leva a algo genuíno e ao verdadeiro senso de pertencimento.

Encontrando o “tamanho ideal” (Será que ele existe?)

Na versão do filme de Tim Burton de Alice no País das Maravilhas, ela só se percebe no “tamanho certo” quando está no castelo da Rainha Branca. Uma metáfora para aquilo que todos buscamos: o encontro entre o ego (o que se deve ser para o mundo) e o nosso EU (o que realmente somos em essência). Esse equilíbrio, se é que ele existe, não depende de nos tornarmos maiores ou menores, mas de nos darmos o espaço necessário. Talvez o “tamanho certo” seja, afinal, aquele onde não precisamos mais nos encolher ou exagerar para caber nas expectativas alheias.

Quando foi a última vez que você se sentiu verdadeiramente alinhado com quem é, sem precisar inflar ou diminuir em nada?

No fim, só temos o caminho

A mensagem de Alice, não é sobre encontrar uma “versão ideal” ou um “tamanho ideal” — lembra? “todo ideal é violento”.

Não é sobre o lugar que ocupamos, mas sobre o quanto estamos conectadas com quem realmente somos. O autoconhecimento traz essa aproximação, e eu sei que não é fácil. Mas, a cada desconforto, a cada dúvida, nos aproximamos mais da nossa verdadeira essência.

Então, não. Não precisamos nos encaixar, nem nos forçar a ser ou parecer diferentes do que somos. O que Alice nos ensina é que, mesmo nos dias em que nos sentimos perdidas e fora de lugar, estamos exatamente onde deveríamos estar: na jornada de sermos, finalmente, nós mesmas.

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Respostas de 2

  1. A angústia de não se sentir “no tamanho certo” ao meu ver , é como o conflito entre ser quem realmente somos e tentar atender às expectativas dos outros. Muitas vezes, sentimos que precisamos nos encaixar em um modelo pré-definido, mas, buscar um ideal, nos força a ser algo que talvez não faça sentido para nós. Me pergunto se existe um ideal estático, ideal pra quem?

    Quando nos sentimos alinhados com quem somos nos leva a pensar: será que esse alinhamento é algo permanente ou apenas momentos passageiros de autenticidade? Talvez, mais do que tentar encontrar um “tamanho certo”, o mais importante seja aprender a lidar melhor com nossas mudanças e incertezas. Alice nos lembra que não precisamos chegar a um destino final, a o caminho em si já é parte do processo de sermos quem somos.

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